quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A propósito das Janeiras


Como sabem, as Janeiras são cantigas de boas-festas cantadas por altura do Novo Ano, por grupos de pessoas, que com algumas quadras, desejam um bom ano às pessoas da sua terra, ou apelam para a sua solidariedade relativamente a alguma necessidade especial.

As origens das Janeiras perdem-se no tempo, no entanto alguns estudiosos defendem que a sua origem se deve ao deus Jano da mitologia romana. Jano era uma divindade latina, bastante antiga, significando a "porta" ou "abertura" e geralmente com dois rostos, olhando em direcções contrárias. Presidia ao começo de todos os empreendimentos e era portanto invocado antes de todos os outros deuses. A sua festa principal tinha lugar no dia de ano novo e era invocado para afastar das casas os maus espíritos. Em sua honra, aproveitavam os romanos para se saudar uns aos outros. O primeiro mês do ano, Janeiro, é também assim chamado em honra deste deus. Assim, parece que as Janeiras deverão as suas origens a esses cultos pagãos que se foram transmitindo de geração em geração até aos nossos dias.

Ao longo das últimas décadas a tradição das Janeiras tem sofrido bastantes alterações, passando de uma tradição instituída e que era sempre cumprida, a uma tradição que se mantém apenas e ás vezes, devido à carolice de algumas pessoas, associações ou escolas que continuam a preservar e a manter vivas algumas das heranças que os nossos antepassados nos deixaram. Este ano na Lousa, foram as crianças do pré-escolar, que juntamente com os pais, mantiveram a tradição. Felizmente que ainda há pessoas que assim pensam e actuam, prejudicando muitas vezes a sua vida pessoal em benefício da tradição e da cultura.

2 comentários:

  1. Essa iniciativa e outras similares só podem merecer o nosso aplauso!
    Com ou sem carolice, devemos estimular o não esquecimento das nossas tradições ancestrais.
    Parabéns aos professores, aos pais e a todos os que, desta vez, contribuíram para animar um pouco o dia-a-dia de todos os que aí vivem.
    Bem-haja também aos "Rabiscos" por nos deixarem espreitar de longe a vida das gentes da Lousa.
    Micéus Gardete

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  2. Na mesma linha das tradições lousenses, na minha juventude havia também na quaresma um grupo de pessoas que fazia o que se designava por "encomendar/ção das almas" com cantigos religiosos próprios da estação, cuja audição era uma experiência inesquecível quer pela riqueza de sentimentos que desencadeava em termos espirituais e intimistas quer pela simbologia de valores que transmitia. Actualmente, a tradição morreu? Há falta de "vozes" para a manter/concretizar ? Aqui a carolice não se aplica é mais fé e devoção, naturalmente com esforço e abnegação.

    João Manuel

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