Guilhermino Augusto de Barros nasceu em São Faustino - Peso de Régua em 17-11-1828 no seio de uma família de pequenos lavradores locais, filho único de Francisco Manuel de Barros e de Maria Máxima. Faleceu em Lisboa no dia 16-04-1900 e jaz sepultado no jazigo de família, no Adro da Igreja de Alvações do Corgo.
Foi Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra onde foi condiscípulo de Manuel Vaz Preto Giraldes, de quem ficou grande amigo ao longo de toda a vida. Casou, em 1850, com Júlia Vaz Preto Giraldes, meia irmã de Manuel Vaz Preto Giraldes, que vivia em Lisboa num convento e que depois de casar, foi com o marido viver para a Lousa para casa do seu meio-irmão.
Foi na Lousa que Guilhermino Augusto de Barros e Júlia Vaz Preto Giraldes tiveram e baptizaram dois filhos:
- Guilhermino Augusto de Barros Vaz Preto Giraldes, nasceu na Lousa em 06-07-1871 e foi baptizado nesse mesmo ano, tendo como padrinhos o P.e Joaquim Augusto de Barros e D. Maria Joanna. Casou em 1897 em Coimbra com Maria de Sande Mexia Aires de Campos, filha dos primeiros Condes do Ameal.
- Maria Máxima Vaz Preto de Barros, nasceu na Lousa em 10-06-1876 e foi baptizada nesse mesmo ano, tendo como padrinhos Pedro d’Ordaz Caldeira e D. Maria Benedicta. Casou em 1902 em Lisboa (Anjos) com Francisco Morão Pinheiro Ramos de Athayde.
Em 26-09-1865 foi nomeado Governador Civil de Castelo Branco, tendo sido exonerado em 14-01-1868; em 07-12-1869 foi novamente nomeado Governador Civil de Castelo Branco, tendo sido exonerado em 23-06-1870; foi ainda nomeado Governador Civil de Bragança por decreto de 08-08-1860 tendo tomado posse no dia 7 do mês seguinte; foi também nomeado Governador Civil de Lisboa, tendo tomado posse em 11 de Maio de 1877 até Janeiro de 1878.
Entre 1858 e 1885 foi eleito diversas vezes deputado por Chaves, Vila Real, Covilhã e Idanha-a-Nova; foi eleito Par do Reino em 1885, por Lisboa, e nomeado Par do Reino vitalício em 1898; em 1877 foi nomeado director-geral dos Correios e Telégrafos e em 1882 foi nomeado no cargo de director-geral dos Correios, Telégrafos e Faróis, a recém criada direcção geral de que foi o primeiro titular, tendo ocupado este cargo até 1893; em 1884 foi nomeado director-geral do Comércio e Indústria.
Foi à frente da Direcção Geral dos Correios, Telégrafos e Faróis, que mais se notabilizou: promoveu e alargou a base de funcionamento dos correios, criando um serviço postal como hoje o conhecemos; participou em diversas conferências internacionais e em 1885 organizou um Congresso Postal em Lisboa; escreveu relatórios e memorandos sobre os sistemas postais; montou a rede de faróis da costa portuguesa, e mais tarde promoveu a criação da rede telefónica, assinando em nome do governo o contrato com os ingleses, que trouxeram o primeiro telefone para Portugal.
A título de curiosidade refira-se que a 26 de Abril de 1882, quando o Director Geral dos Correios, Guilhermino de Barros, inaugurou a rede telefónica da capital, a companhia britânica tinha 15 subscritores. Um mês mais tarde era publicada a primeira lista telefónica, totalizando 22 assinantes ligados à rede da Edison. A Companhia cobrava uma taxa fixa anual, independentemente do número de conversações efectuado pelo subscritor.
Uma outra situação curiosa, mas relativa ao seu mandato como Governador Civil de Castelo Branco, refere-se à construção de um novo balneário nas Termas da Touca (Alpedrinha). Diz assim uma inscrição na fachada dos balneários: “Começou esta obra no ano de 1866, sendo Governador Civil, Guilhermino Augusto Barros. Findou no ano de 1874, sendo Governador Civil, João José Vaz Preto Geraldes”. Como se pode ver, uma intervenção de dois governadores civis com fortes ligações à Lousa.
Escreveu inúmeras poesias em diferentes periódicos literários, poesia ultra-romântica, ao jeito e à moda da sua época.
Foi na Lousa, em 1879, que Guilhermino Augusto de Barros escreveu o notável romance histórico “O Castelo de Monsanto” que se desenvolve em torno dos preparativos para a incursão de D. Afonso V, por Castela, reclamando o trono para sua sobrinha, D. Joana a Excelente Senhora, com quem entretanto casara. A personagem principal é Branca, chamada «A Pérola», sobrinha do cardeal de Alpedrinha, o famoso D. Jorge da Costa. A jovem e bonita Branca tem uma paixão pelo irmão do conde de Monsanto, D. Rodrigo de Castro.
Praticamente no fim da sua vida, escreveu, em 1894, o livro “Os Contos do Fim do Século”, um poema épico de elogio aos homens que promoveram a mudança da sociedade portuguesa ao longo do século XIX.
Era grande amigo de Alexandre Herculano com o qual trocava correspondência. Essa relação de amizade poderá estar na origem da visita que Herculano efectuou à Lousa tendo sido recebido em casa de João José Vaz Preto, onde também residia Guilhermino de Barros. Foi assim que Herculano relatou essa estadia em “Apontamentos de Viagem pelo País”:
Setembro 1 - Partida das Águas para a Lousa, a 4 léguas e a 5 de Penamacor. Bestas genuínas de Penamacor. Caminhamos uma légua de noite; madrugada abafadiça; o território pela maior parte nu e com leves acidentes .....
Deixamos à esquerda Monsanto, ponto fortíssimo pela altura e isolamento da montanha em que está colocado e que se avista de quase todos os pontos elevados aquém Estrela; o seu antigo castelo, foi modernamente substituído por novas fortificações que voaram em consequência de um raio .....
Descemos a um vale profundo e assaz largo, por cujo meio passa o Alpreade em cujo leito areado se vêem alguns pegos e mesmo correr alguma água, nos sítios onde se não some por baixo da areia. Sobem-se outra vez algumas ladeiras e encaminhamo-nos para a Lousa, quase escondida no horizonte no meio de um círculo de arvoredo; terrenos áridos e pobres, mas geralmente cultivados do cereal mais comum da Beira oriental, o centeio. Chegamos à Lousa. Somos recebidos em casa de João José Vaz Preto.
Setembro 6 – Passeio pela manhã cedo com João Vaz Preto até aos outeiros à esquerda da quinta da Lousa: propriedade destes terrenos pela sua configuração ondulada para a construção dos lagos lombardos. A manhã fresca e o céu puro. Horizontes bem distintos.
A Beira Baixa, olhando em volta, parece um plano onde se eleva ao centro o monte de Castelo Branco, em cuja encosta oriental alveja a cidade. Este plano parece fechado semi circularmente de sudoeste a norte pelo prolongamento da Serra da Estrela a Abrantes; ao sul e sueste pelas serranias do Alto Alentejo e ao nascente pelas alturas que correm para o sul desde o elevado ponto de Monsanto.
Creio que partimos depois para Castelo Branco, depois para Vila Velha de Ródão, onde embarcamos no bote do Guerra vindo todo o Tejo até Santarém, onde nos demoramos poucos dias. Daí para Lisboa.
Setembro 1 - Partida das Águas para a Lousa, a 4 léguas e a 5 de Penamacor. Bestas genuínas de Penamacor. Caminhamos uma légua de noite; madrugada abafadiça; o território pela maior parte nu e com leves acidentes .....
Deixamos à esquerda Monsanto, ponto fortíssimo pela altura e isolamento da montanha em que está colocado e que se avista de quase todos os pontos elevados aquém Estrela; o seu antigo castelo, foi modernamente substituído por novas fortificações que voaram em consequência de um raio .....
Descemos a um vale profundo e assaz largo, por cujo meio passa o Alpreade em cujo leito areado se vêem alguns pegos e mesmo correr alguma água, nos sítios onde se não some por baixo da areia. Sobem-se outra vez algumas ladeiras e encaminhamo-nos para a Lousa, quase escondida no horizonte no meio de um círculo de arvoredo; terrenos áridos e pobres, mas geralmente cultivados do cereal mais comum da Beira oriental, o centeio. Chegamos à Lousa. Somos recebidos em casa de João José Vaz Preto.
Setembro 6 – Passeio pela manhã cedo com João Vaz Preto até aos outeiros à esquerda da quinta da Lousa: propriedade destes terrenos pela sua configuração ondulada para a construção dos lagos lombardos. A manhã fresca e o céu puro. Horizontes bem distintos.
A Beira Baixa, olhando em volta, parece um plano onde se eleva ao centro o monte de Castelo Branco, em cuja encosta oriental alveja a cidade. Este plano parece fechado semi circularmente de sudoeste a norte pelo prolongamento da Serra da Estrela a Abrantes; ao sul e sueste pelas serranias do Alto Alentejo e ao nascente pelas alturas que correm para o sul desde o elevado ponto de Monsanto.
Creio que partimos depois para Castelo Branco, depois para Vila Velha de Ródão, onde embarcamos no bote do Guerra vindo todo o Tejo até Santarém, onde nos demoramos poucos dias. Daí para Lisboa.
Como homenagem, nos anos 50, foi atribuído o seu nome a uma rua da cidade de Castelo Branco, junto à igreja do Cansado (segunda transversal entre a Alameda do Cansado e a Rua do Matadouro) “Rua Guilhermino de Barros”.
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